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sexta-feira, 29 de novembro de 2013

A CHUVA, EU E O GRILO


As nuvens chegaram gordas,
bem antes do meio dia,
a moura virou a anca,
contra a chuva que caía.
O gado buscou abrigo,
entre as árvores do capão,
enquanto o campo encharcava,
naquele dia chorão.

 Eu escutava a voz do vento,
o chiado da chaleira,
o lamento da panela,
no “tióc, tióc” da goteira,
um galo abrindo o peito,
já “em riba” do poleiro,
uma zebua berrando
e a resposta do terneiro.

“Bombiei d’uma” janela,
vendo a cortina de chuva,
que de lambuja lavava,
as orelhas da timbuava.
O lusco-fusco chegou,
bem antes da sua hora,
trazendo a noite a cabresto,
pra este rancho aqui fora.

Enroscado nas cobertas,
apaguei o lampião
e um grilo buscando amor,
se rasgou numa canção.
Solitário e sem sono,
vi quando o dia amanheceu,
“loco d’inveja” do grilo,
que foi mais feliz que eu.




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