Páginas

Marcadores

quarta-feira, 25 de abril de 2012

NO VELÓRIO




Lá no velório do compadre Honório,
vi a Maria com a dona Luzia,
tava a Dorotéia abraçada numa véia,
que chorava muito e era sua tia.
Tava o Herculano e o Merenciano,
sentados junto com o seu Decunto,
dona Manoela e a filha dela,
que conformavam a muié do defunto.

Dona Marica é quem dava a dica,
mais o seu João e a Conceição,
compadre Chico e o véio Nico,
não descuidavam do chimarrão.
Comadre Chica e a dona Rita,
lá para dentro queimavam incenso
e o Clarimundo num sono profundo,
babava toda a franja do lenço.

Dona Carmozina e a Vicentina,
o seu Hilário e o véio Ladário,
dona Ritoca e a véia Finoca,
rezavam o terço apalpando o rosário.


O Florentino e o Vitorino,
batiam trela perto da janela,
de lenço preto compadre Barreto,
não descuidava na troca das velas.
De sentinela cuidando as panelas,
lá na cozinha comadre Candinha,
num arroz campeiro que soltava o cheiro,
da banha pura fritando galinha.

Clareou o dia na manhã fria,
o Sebastião encilhou o alazão,
mandou o Januário buscar o vigário,
pra encomendar o corpo e fechar o caixão.
Numa carreta com mortalha preta
o seu Lautério levava o gaudério
e nós de a cavalo com um nó no gargalo,
guardemo o corpo lá no cemitério.

Nenhum comentário:

Postar um comentário