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sexta-feira, 27 de abril de 2012

A JEITO






“M’encontrei” com tio Florindo,
no Sindicato Rural,
moreno flor de especial,
que há muito tempo eu não via,
sempre a mesma simpatia,
daquele velho amigaço
e quando lhe dei um abraço,
sua lágrima escorria.


Minha voz também falhou,
quando avistei o moreno,
pois no tempo de pequeno,
muito me abracei a ele,
era o mais parceiro dele,
dentre os outros guris
e muita emoção senti,
ali abraçado nele.


Passou a mão na minha cabeça,
com o mesmo jeito e carinho,
me vi aquele piazinho,
no colo do tio Florindo,
que quando o sono vinha vindo
e num pealo me boleava,
ele então me cosquilhava,
pra ver se eu estava dormindo.


Quando se vem lá de fora,
pra estudar na cidade,
não vemos passar a idade,
tudo corre, tudo voa,
distanciamo-nos das pessoas,
até sem nos darmos conta
e quando a gente se encontra,
as lágrimas não são à toa.

Dizem que o que passa não volta,
mas será que é bem assim?
O que aconteceu pra mim,
ao velho amigo abraçado,
contra seu peito apertado
e alisando meu cabelo,
não foi mais que um sinuelo,
ponteando o meu passado!

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