Por volta da meia tarde, a cachorrada enfureceu querendo subir numa velha árvore que tinha no terreiro, entre o galpão e a casa. A criação toda sumiu na mesma hora.
Armado com um facão e um machado, fui chegando cautelosamente, com o olhar fixo para o tronco e a copa da árvore. Nada via mas os cachorros continuavam enfurecidos.
Fiquei de ronda por três dias e três noites sem descobrir o que era.
Quando amanheceu o quarto dia, mandei um guri pra avisar o compadre e pedir ajuda, porque eu estava com receio de subir na árvore sem alguém por perto.
Prontamente, o compadre atendeu o meu chamado e trouxe junto a comadre e uma espingarda de grosso calibre, de dois canos e com a cartucheira contendo vinte e oito cartuchos carregados, sendo oito com balim.
Quando chegaram, eu ainda estava embaixo da árvore, muito cansado e quase morto de sono, na companhia dos cachorros.
Contei detalhadamente o ocorrido e quando terminei o relato, a comadre, que tinha tendências para o sobre natural, disse que iria fazer uma benzedura. Próximo a raiz da árvore, acendeu um alto fogo e colocou panos e galhos de arruda que formaram uma grossa nuvem de fumaça tapando toda a copa.
Daí a pouco, ouvimos o zumbido de um grande enxame de abelhas que abandonou a árvore.
Minutos depois começou pingar mel lá de cima, o qual fui aparando em um balde.
Se eu tivesse visto antes, o que era, não teria deixado a comadre realizar o ritual porque durante o período que as abelhas lá permaneceram, tive o lucro de "sete" quilos de mel.